Po karalho mais os sms e os mms e os msn[arroba]dasssssssseeeee
por Mega
Po caralho mais as novas tecnologias, paaahhh! E mais esses cabrões que se escondem atrás dessas merdas de mensagens de telemóveis e messengers porque não têm tomates para dizer as merdas nos olhos, fodam-se. Já nem escrever sabem. «É a mesma coisa e não sei quê!». O caralho! E o cheiro? E o toque? E a frontalidade? E os gestos? E as pessoas, seus merdosos? Qualquer dia andam a fazer filhos pelo messenger e a chamá-los Rita(smile)@hotmail.com e o caralho. Mas cuidado com os abortos espontâneos, caralho, não vá o sinal enfraquecer e lá se fode a ligação. Cabrões do Caralho! E já agora ponham o Hi5 também no cu, seus paneleiros de merda!
in Blog po-caralho-pah
Conheço Mega na vida. Descobri-o quase por acaso no cyberespaço, num imediato reconhecimento da habilidade da escrita e da pena exímia e certeira que é a sua. Segui lendo o seu blog (até que enfim! benvindo! bem haja!…) e reconheci, a um tempo, o discurso e a postura, em suma, o esquisso e a traça do caracter de um ser humano inequivocamente ímpar, que me mora no coração há alguns anos e que guardo como umtalismã da vida e dos encontros que ela prepara.
Leio o que Mega escreve comum orgulho difícil de expressar. Percorro-lhe raivas e revoltas e sei, a cada entre-linha, porque fio de prumo se guia e norteia o afecto que lhe tenho. Aprecio-lhe, sempre lhe apreciei, a capacidade de se indignar e a coragem de se insurgir incondicionalmente. Sempre me curvei em vénia diante da sua espinha dorsal tão vertical e das suas vísceras tão susceptíveis. Não é condescendente, não faz concessões, não sabe – e nem quer saber – o que é “ser politicamente correcto“. É franco e transparente e basta-lhe. Comove-se e emociona-se e chega. Sente e isso é já muito (tanto!). Não se desculpa, não se desfaz em remedeios, não dá o dito-pelo-não-dito, não tapa o sol com a peneira, não mete-os-dedos-pelos-olhos-dentro a ninguém. Não tem duas vidas, duas caras, duas palavras,dois corações. Não tem dois pesos e duas medidas, não pede o que não pede, antes de mais, a si próprio, não exige o que não é capaz de dar, não age nem reage por interesses, nem tem por hábito deitar prévias contas à vida, nem tem por costume colocar nos pratos da balança o compto de perdas e ganhos, nem se move em função das conveniências. Não engole sapos: cospe sapos. Alto e para bem longe, sem nenhum receio que lhe caiam em cima, nem se preocupar tão pouco onde possam vir a cair.
Assim é Mega: como o post que acabo de evocar permite intuir… e este e este e este e mais este e ainda este e, para acabar, este.
(…)
E – não necessariamente a propósito do final do ano prestes a cumprir-se e da proliferação de metáforas e outras simbologias, de que andam cheios os nossos ouvidos e o património da História Universal -, deixo um texto curioso desse outro ‘mestre grande’ da palavra, Millôr Fernandes.
Que cada um lhe dê a serventia que entender ou desentender: na vida ou na morte, para fechar 2006 ou para entrar em 2007, eu sei lá!… Deixo-o, em todo o caso, aqui, assente que está o primado que confere a cada leitor a liberdade de fazer do que por cá encontra o que mais lhe agradar.
O ‘Foda-se’
por Millôr Fernandes
Existe algo mais libertário do que o conceito do foda-se!? O foda-se! aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta. Não quer sair comigo? Então foda-se!.
Vai querer decidir essa merda sozinho (a) mesmo? Então foda-se!.
O direito ao foda-se! deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
Prá caralho, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que Prá caralho? Prá caralho tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via-Láctea tem estrelas prá caralho, o Sol é quente prá caralho, o universo é antigo prá caralho, eu gosto de cerveja prá caralho, entende?
No gênero do Prá caralho, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso Nem fodendo!.
O Nem fodendo é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um Puta-que-pariu!, ou seu correlato Puta-que-o-pariu!, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba… Diante de uma notícia irritante qualquer puta-que-o-pariu! dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso vai tomar no cu!? E sua maravilhosa e reforçadora derivação vai tomar no olho do seu cu!. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: Chega! Vai tomar no olho do seu cu!. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai a rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.